quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Casa dos Espíritos - Isabel Allende


Quando criamos o nosso clube de leitura resolvemos iniciar com clássicos. Começamos com alguns de ficção científica, que a princípio foram uma novidade para mim, em particular, mas de grande valor para ampliar os meus horizontes literários.

Porém, resolvi introduzir um outro gênero e quebrar um pouco a fase futurista. Desta vez escolhi um clássico da literatura latino americana.

Um livro muito famoso que foi traduzido para as telas de cinema: A casa dos Espíritos. O título a primeira vista pode conduzir à falsa ideia de tratar-se de mais uma obra inspirada na temática exotérica ou espiritualista. Mas o novo gênero trazido ao grupo não foi esse.

A primeira vez que tive contato com este título foi através do filme homônimo ao qual já me referi. Assisti há muito tempo, mas mal me lembrava da história. Lembro que antes de assistir achava que seria um filme de terror. Sei que ao final não tinha mais essa impressão. Mas foi apenas isso que ficou na memória.


O livro aborda a vida de uma família chilena durante algumas gerações, compreendendo um período de aproximadamente 70 anos, culminando no final dos anos 70 do século XX. Os espíritos aos quais o título remete não passam de personagens secundários, quase figurantes literários. O lado espiritual não é o centro da história. A humanidade das personagens é que dá corpo ao romance.

Dentre os personagens principais destaca-se Clara, que tem o dom da clarividência, como sugere o seu nome; Esteban Trueba, um coronelista que é o reflexo do poder na política e da fraqueza no seio familiar; e Alba Trueba, neta do coronel, que coloca em conflito, o avô ao final da vida dele. Muitos outros permeiam a vida da família Trueba, mas são estes que geraram grande parte das discussões entre o grupo.

O grande ponto dos debates foi em torno da revolução militar no Chile. Pôde-se compreender bem a realidade social do período através do livro, já que havia grande envolvimento das personagens com o contexto político.

Porém, apesar da leitura ter sido prazerosa para todos, já que é um daqueles livros que temos dificuldade de largar, pois somos completamente envolvidos com a história, não gerou discussões tão profundas. Creio que isso se deu por se tratar de um livro em que sabemos claramente que está acontecendo, os sentimentos que todos os participantes da história vivenciam, não havendo apenas um único ponto de vista na história. Ao final temos completa noção da história como um todo e não somente a partir de um ângulo, o que sempre gera dúvidas e incertezas. A autora contou a história por completo, tendo sido uma narrativa muito envolvente.

Como avaliação final o livro recebeu 9,5.

A Autora:

Isabel é considerada uma das principais revelações da literatura latino-americana da década de 80. Sua obra é marcada pela ditadura no Chile, implantada com o golpe militar que em 1973 derrubou o governo do primo de seu pai, o presidente Salvador Allende (1908-1973). Escreveu A casa dos espíritos (1982) e ganhou reconhecimento de público e crítica.

6 comentários:

Rebeca disse...

Uhuuuuuu, agora podemos dizer que temos um blog alto nível! hahahaha

Rebeca disse...

Érika, só acho que você esqueceu de separar os marcadores. Ficaram todos juntos.

Érika Martins disse...

É eu percebi agora...
Depois eu conserto!
Bjssss

Rebeca disse...

Um dos pontos que achei interessante no livro foi o fato de a autora conseguir prender o interesse do leitor, mesmo não havendo um climax muito marcante, mesmo não havendo grandes expectativas e suspenses. Muito pelo contrário, o tempo todo os narradores nos informam sobre os acontecimentos futuros.

Mariana disse...

Nosso blog está ficando muito alto nível mesmo!
Tá show de bola!
E os livros escolhidos ajudam tbm né?
Só coisa boa, inclusive esse, que apesar de não ter rendido muita discussão, foi ótimo de ler!

Beijoos

hgbarros disse...

Quando os personagens de um romance são verdadeiros, baseados em fatos, a experiência literária fica, consequentemente, mais realista, mais intensa, mais vívida. Observar os reveses que a vida impõe aos personagens, os encontros e desencontros, as infelicitações, os amores, os afetos, as vinganças... observar toda essa sinfonia desarmônica, imperfeita, errática é, em essência, nos observar, olhar para as nossas imperfeições, para as nossas faltas e falhas, para as nossas virtudes e qualidades, a serem plasmadas constantemente em nossos gestos, em nossos atos, em nossa fala... em nossa própria história.

Infelizmente, não foi possível realizar a leitura do livro que você escolheu meu amor, mas pelo que você me contou, pude fazer um pequeno texto para postar aqui! :)

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